Pablo Vilela

Antes do Nome

In Outras Revisões on 16 de junho de 2007 at 1:56 am

Antes do nome

Adélia Prado

Não me importa a palavra, esta corriqueira.
Quero é o esplêndido caos de onde emerge a sintaxe,
os sítios escuros onde nasce o “de”, o “aliás”,
o “o”, o “porém” e o “que”, esta incompreensível
muleta que me apóia.
Quem entender a linguagem entende Deus
cujo Filho é Verbo. Morre quem entender.
A palavra é disfarce de uma coisa mais grave, surda-muda,
foi inventada para ser calada.
Em momentos de graça, infreqüentíssimos,
se poderá apanhá-la: um peixe vivo com a mão.
Puro susto e terror.

  1. Oi Pablo,

    este poema me lembra outro poema que li no inverno passado. Não sei exatamento, mas eu acredito que é de Fernando Pessoa/ Álvaro de Campos:

    “Assim como falham as palavras quando querem exprimir qualquer pensamento, assim falham os pensamentos quando querem exprimir qualquer realidade”.

    Abraços e bom fim de semana!!!
    Ulrike

  2. Qualquer coisa é poesia, até na hora da prosa prefiro Poe e Cia

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