Antes do nome
Adélia Prado
Não me importa a palavra, esta corriqueira.
Quero é o esplêndido caos de onde emerge a sintaxe,
os sítios escuros onde nasce o “de”, o “aliás”,
o “o”, o “porém” e o “que”, esta incompreensível
muleta que me apóia.
Quem entender a linguagem entende Deus
cujo Filho é Verbo. Morre quem entender.
A palavra é disfarce de uma coisa mais grave, surda-muda,
foi inventada para ser calada.
Em momentos de graça, infreqüentíssimos,
se poderá apanhá-la: um peixe vivo com a mão.
Puro susto e terror.
Oi Pablo,
este poema me lembra outro poema que li no inverno passado. Não sei exatamento, mas eu acredito que é de Fernando Pessoa/ Álvaro de Campos:
“Assim como falham as palavras quando querem exprimir qualquer pensamento, assim falham os pensamentos quando querem exprimir qualquer realidade”.
Abraços e bom fim de semana!!!
Ulrike
Qualquer coisa é poesia, até na hora da prosa prefiro Poe e Cia