Era um jovem revisor. A ausência de fios brancos na longa cabeleira denunciava sua idade. A excelente formação e as grandes referências que trazia no currículo credenciavam-no a atender aquele novo cliente a quem o fiel amigo o indicara.
O trabalho, mais uma vez, fora cumprido no prazo determinado, com a qualidade com que seus clientes mais antigos já haviam se acostumado. O próprio novo cliente, presidente de uma grande estatal, já o confessara por telefone. A revisão estava impecável, por isso gostaria de conhecê-lo pessoalmente. Apenas uma formalidade, para que se cumprimentassem, concretizassem o justo pagamento e prometessem futuras parcerias.
Chega o momento do encontro. Ele está tranquilo, acostumado a lidar com todo tipo de clientela. Nem se preocupa com vestimentas especiais para a ocasião.
Ao encará-lo, jovem demais para o que deveria ser um sorumbático revisor, o cliente cumprimentou-o secamente e realizou o pagamento, pensando – como supôs mais tarde o revisor – que teria sido enganado por aquele garoto sem um fio de cabelo branco. Foi a última oportunidade em que se viram.